A edição de Junho do nosso projeto familiar 12/12, realizou-se num território por nós bem conhecido, a Serra da Gardunha.
Para os veteranos Pai e Filho foi um regresso, para as raparigas foi uma estreia.
Se na edição de Maio o Gonçalo convidou um colega de escola, o Daniel (Dani) e a sua mãe, desta vez coube à Beatriz convidar uma amiga. A feliz contemplada foi a sua metade-da-vida :-) a colega do tempo do infantário, Bárbara (Bá), filha de dois cidadãos brasileiros e amigos, Débora e Alex.
Por isso, esta edição não foi tão ortodoxa nem conservadora como é habitualmente, tendo havido lugar a alguns luxos habitualmente inexistentes.
Afinal, há sempre espaço para conforto e diversidade, algo que esperamos possa contribuir para prepetuar de forma positiva e construtiva esta experiência nos nossos filhos, na esperança que possam eles fazer o mesmo com os deles.
Montada a tenda, o grupo preparou-se para a primeira atividade destes intensos dois dias.
Desta vez havia piscina, e mesmo sem sol, o calor convidava a um (Muitos) mergulho. Este refresco fez as delícias de miúdos e graúdos.
Depois da temperatura ter descido para níveis mais aceitáveis, começaram a reunir-se as condições para a atividade física do dia. O desafio era o arvorismo, uma sequência de obstáculos todos em altura, onde a inocência da idade dos mais jovens faz com que não tenham medo nenhum, e sem ele, o prazer é enorme (Ou isso ou não herdaram a genética do Pai Jorge :-))
Segurança a rigor, e lá vão eles, contentíssimos, com uma felicidade enorme, apenas interrompida pela brevidade do circuito e o adiantado da hora, que impediu uma segunda ronda. Ficou o desejo de terem já 16 anos de idade para fazerem o circuito destinado aos adultos .... bem mais longo e bem mais alto .......
Sem mais demoras, mais altura, escalada desta vez.
Estávamos no Parque do Convento, fantástica infraestrutura municipal contígua ao Parque de Campismo, onde tudo isto existe, logo, que aproveitar! Mais uma vez, é uma infraestrutura sempre limpa, bem mantida e muito aprazível, deserta no entanto, algo que por muito agradável que seja em termos de fruição e tranquilidade, é quase incompreensível!
Os miúdos não se cansam, isso é um facto! A Bárbara (Bá) tem um claro jeito natural para a escalada, espero que os pais lhe proporcionem continuidade: estão a ler pais da Bárbara, Débora e Alex ? :-) :-)
Depois de um faustoso jantar, tão pecaminoso que não há fotos, os sempre incansáveis miúdos, cansaram-se e aterraram!
Estão a reparar no luxo desta malta nova a acampar, não estão? :-) assim também eu :-)
Bem, energias repostas, tudo descansado pelo sono retemperador da natureza, apenas interrompido pelo mais maravilhoso despertar do mundo, o bater do bico dos pica-pau nos troncos das árvores que povoam e garantem a temperatura amena daquele Parque de Campismo.
Pequeno almoço tomado, loiça lavada e arrumada, que neste Projeto as tarefas são partilhadas e habitualmente são os mais novos que garantem esta tarefa (Projeto educativo, educa!), e tudo pronto para a atividade seguinte: caminhada. 6 Km de PR, e que percurso!
O percurso escolhido levar-nos-ia por caminhos de terra, com partida e chegada ao Parque de Campismo, passando por muitos cerejais. A expectativa de como estariam de cerejas era grande, tão grande como a vista prometida, num dos locais mais bonitos sobre a Cova-da-Beira que a Gardunha oferece!
Estando nós no seio da Natureza, obviamente que não perdemos o imenso potencial educativo que estas ocasiões proporcionam. Ainda por cima em ambiente não formal, logo, de elevada apreensão pelos destinatários.
Assim, fomos aproveitando para mostrar a flora e a fauna, da mais óbvia à mais delicada, como esta linda borboleta
ou, de onde vem as castanhas, e como os seus ouriços quando imaturos não picam :-)
A cereja em cima do bolo, nada mais a propósito :-) foi encontrar um exemplar de Vaca-loura (Lucanus cervus), aliás dois, macho e fêmea (Acho eu :-)) e assim poder participar no senso nacional que acontece através da Rede Nacional de Monitorização da Vaca-loura , aqui: http://www.vacaloura.pt/.
A Vaca-Loura é o maior inseto da Europa e está ameaçado em Portugal. Desta forma, com o objetivo de conhecer melhor as populações nacionais do inseto ainda existentes, a Universidade de Aveiro (UA), a Sociedade Portuguesa de Entomologia e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas juntaram-se para criar a Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-Loura. O lema é "Se vir uma Vaca Loura avise". Nós avisámos de imediato!
Se vir, não se esqueça, entre em contacto com este site: http://www.vacaloura.pt/
Bem, depois de muitas subidas, afinal estamos em serra e íamos a caminho de um miradouro, pensámos que tínhamos morrido e tínhamos merecido o céu :-) Cerejas aos milhões até onde a vista alcançava..... :-)
A colheita já tinha terminado, mas não para nós :-)
Foi um frenesim de cerejas, de tal maneira severo e intenso que se recearam seriamente problemas de barriga :-). Mais parecíamos um cardume de famintos tubarões perante uma baleia morta :-) Miúdos e graúdos, um horror de comportamento...... mas muito divertido :-)
As cerejas estavam doces, firmes e eram enormes, quase pareciam ameixas pequenas :-) a pergunta óbvia foi, mas porque em Lisboa nunca há cerejas destas? para onde vai isto? :-) desta vez foi para as nossas barrigas, lá isso foi.
Não contentes com tanto anti-oxidante, ainda apareceram mais umas amoras gigantes, que não sobreviveram à nossa passagem :-)
Barriga cheia (demasiado) de cerejas, alcançámos o miradouro...... vou deixar-vos em silêncio, calar-me por uns momentos e permitir-vos imaginar com esta imagem, o que vivemos
Por muito que escreva, nunca conseguirei transmitir-vos a tranquilidade do local, mas a imagem seguinte talvez me ajude
Regressámos ao ponto de partida, arrumámos tudo e voltámos a Lisboa. Ficam as memórias e a experiência, riquíssima. Neste enquadramento, o que temos como certo, é que as vivências são ampliadas e as relações são imensamente fortalecidas ......
Até à próxima edição, a de Julho!