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À terceira foi de vez ....... mais ou menos!


Se bem se lembram, tinha-mos o Covão da Ametade, na Serra da Estrela, como objetivo destino para a Primeira Edição do nosso projeto familiar 12/12. No entanto, por esta ou aquela razão, não o tínhamos ainda conseguido. Durante a Segunda Edição, ainda lá demos um salto, mas para ver como ia ser maravilhosa a terceira edição, aquela que nos ia permitir, finalmente, acampar na neve e nela fazer caminhadas.......

Pois bem, uma vaga de calor assolou a Serra da Estrela :-), e, às 19h00 quando chegámos para montar campo, estavam uns infernais 19ºC! Neve? farrapos nas zonas mais altas ou em pequenas bolsas teimosas.

A diferença era esta:

Mas um projeto desta natureza e com estes objetivos, não sofre para além do capricho com estes desvios inopinados, muito pelo contrário, obriga a mobilizar aquilo a que realmente nos propusemos e que nos motiva e nos move. Em sede de um projeto que é educativo e dirigido ao nossos filhos, o foco está em proporcionar-lhes experiências gordas de latitude e espessura que no longo termo lhes possa construir as fundações de uma vida sustentável e respeitosa pela natureza, e, que a solidez destas bases lhes permita repetirem com os filhos deles o que lhes estamos a oferecer, mais que a dar!

Pois bem, primeira vantagem da "desilusão": sem neve, no Inverno, o Covão da Ametade estava deserto, partilhámo-lo apenas com um outro grupo que nem ouvimos, apenas vimos o fogo da sua fogueira. Na manhã seguinte, já lá não estavam!

Segunda vantagem, no mesmo sentido, é que o Gonçalo tinha que estudar pois tem testes na semana que entra, ou seja, tivemos que vir na Sesta-feira à tarde, para regressar no Sábado após o almoço. Mais vale aproveitar o que temos, que adiar à espera de melhor! Principio que bem podia guiar mais profundamente as nossas vidas.... adiante!

Chegámos já de noite, montámos rapidamente o campo (O Gonçalo ganha experiência e o processo começa a ficar oleado). Toca a fazer o jantar, desta vez com um brinde, fogueira, aquilo que nos conforta o coração, não só pela temperatura, que nesta noite em concreto nem era relevante. É como que um ganhar o chão, a pausa espiritual oficial, quando começamos a conversar para além do falar........

Depois de jantar, fomos fazer umas fotografias noturnas, e o que nos divertimos com um anfiteatro desta envergadura e imponência, em dia de lua quase cheia, e só para nós! um luxo!

Mais uma vez, os ritmos da natureza a comandarem... fomos dormir porque tínhamos sono, acordámos porque já não o tínhamos, e, tomámos o pequeno almoço porque tínhamos fome!

Como vemos nas fotos acima, foi levantar cedinho para um esmagador cenário de nascer do sol! É que os cântaros estavam "acesos" perante os primeiros raios do astro rei. Que sensação incrível!

Demorámos-nos o que quisemos, e, como eles pareciam tão perto, as cascatas rugiam e pareciam chamar-nos..... tendo sido o Gonçalo a sugerir, nem hesitei, subimos o que pudemos para as suas pequenas pernas :-) o cenário era difícil de descrever por palavras!

O caminho é denso e duro, mas os cursos da água, que recuou, ajudam a seguir naturalmente a empena.

A represa no início, merece uma pausa de contemplação, e de umas tentativas fotográficas :-)

Nova oportunidade educativa! conversámos longamente sobre a geografia, e até sobre a geologia daquele local. Falámos do rio que ali "nasce", o Rio Zêzere, e do conceito do nascimento dos rios. Afinal, o Covão da Ametade é um claríssimo exemplo que como, se calhar, "nascer" não é o melhor vocábulo. Gostámos de dizer que ali, o Zêzere é "colhido", e que o majestoso granito serve de colher que verte para o rio, a água que colhe das chuvas. Falámos ainda do ciclo interminável da água, de como o Zêzere se ajuda a "colher", produzindo nuvens com a sua água evaporada, que acabará por chover nos Cântaros, o magro e o gordo, que a ele, rio, regressará! Revisitámos a história do ovo e da galinha! :-) Da conversa, fica-me a tranquilidade de saber que o meu filho está a ter uma educação de qualidade na escola! o grau profundo como foi equacionando o que íamos falando, surpreendeu-me, confesso.

Lá de cima, uma visão rara do Covão da Ametade, tão conservadoramente fotografado que é!

Uns cliques para registar o momento e o local e, de barriga e espírito cheios, deixámos o Covão da Ametade para trás, depois de lhe prometermos que regressaríamos com neve. Dirigido-nosentão 2,5 Km mais a cima para iniciar, num bosque de Pinheiros, um pequeno percurso pedestre na Nave de Sto. António, um vale de tundra, pastagem de verão, bem planificado pelo glaciar que o cortou: uma belíssima oportunidade educativa para falar destas questões.

Com a neve e o frio a recuarem, a natureza apressa-se a agarrar a oportunidade, e este era o cenário da tundra, a Primavera no seu esplendor!

Um corte feito por um curso de água e percebemos tão bem como se constitui esta espécie vegetal, que com as suas camadas sobrepostas contribui com preciosa matéria orgânica e capacidade de retenção de água, que fazem desta nave, um local de rara abundância, que não fica à margem dos ciclos de pastagem.

Acaba, inclusivamente, por constituir habitat para outras espécies, como se vê bem aqui:

Mais uma oportunidade educativa!

O tempo passava rapidamente, mas a nossa mesa estava reservada apenas para as 14h30, e ainda bem. Oportunidade para ir para Oeste agora, e fazer mais um pequeno passeio, que com mais tempo nos haveria de levar até às "varandas", um miradouro natural sobranceiro ao vale glaciar que segue com Manteigas nas costas e que desce abruptamente depois da estrada que leva à Torre.

Primeira paragem, bem alto, no marco geodésico, com vistas amplas e alturas exageradas pela grande angular da câmara :-)

Uma volta de carro para uma paragem de vistas ainda mais amplas e em local sempre deserto! lá ao fundo, Manteigas..... a escala exerce a sua pressão!

Por fim, e como comida também é cultura e património, com mais ou menos regionalismos, mais ou menos tradicionais e genuínos, a verdade é que o cantinho (Varanda da Estrela) é acolhedor, o pessoal super simpático e a comida divinal!

Queijo da Serra, presunto, pão, arroz de zimbro, pernil de Leitão no forno, bolo de bolacha e Brigadeiro com recheio de avelã :-) muito mais calorias que aquelas que gastámos, certamente! :-)

Não deixámos o restaurante antes do Gonçalo ter ido à cozinha elogiar as cozinheiras, essa gente que ninguém vê e com quem ninguém fala, mas que são as obreiras responsáveis pela maioria dos ótimos e dos péssimos num restaurante!

Como já adivinharam, espécie feminina, só lá para Maio :-)

A frase mais repetida pelo Gonçalo foi "Isto é tão bonito! até demais!".... ou seja, vou daqui de barriga cheia, só de o ouvir!

Até ao próximo mês!


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