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Edição 2 de 12 - No coração da cereja



O refúgio desta segunda edição do nosso projeto familiar 12/12 foi na Serra da Gardunha (Guardunha, do Árabe, que significa refúgio). De novo, a componente feminina teve receio do frio e não veio :-), mas com 15ºC, os receios eram infundados :-)

Fazendo parte da Cordilheira Central, ligada geologicamente à Serra da Estrela, a Serra da Gardunha possui cerca de 20 km de comprimento e 10 de largura, com o seu ponto mais alto aos 1.227 metros. Integrada na Rede Natura 2000, é Paisagem Protegida Regional desde 2014 (Regulamento). Com uma biodiversidade notável, possui espécies representativas do Norte, do Centro e do Sul de Portugal, bem patente na flora. Na geologia, abundam os xistos e os granito, onde a água é uma constante.

No vale que a separa da Serra da Estrela (Cova da Beira), ficou a nossa base para esta edição, a cidade do Fundão.



Desta vez acampámos em parque de campismo, mais concretamente no Parque de Campismo do Fundão, da Fundatur - Parque do Convento. É um local muito arborizado, com bom aspeto e bem conservado, com vários pontos muito positivos para alem destes: possui um restaurante de ambiente familiar e comida a saber a caseiro, servido por pessoas da maior simpatia, e, é contíguo ao Parque do Convento onde se pode fazer arvorismo, BTT e escalada, vazio no entanto!


Montado o campo, almoçar para ingerir as calorias necessárias ao programa da tarde: PR7-Rota da Cereja (Descarregue aqui o percurso). E que almoço, parecia a catedral do cabrito assado :-)

Com partida e chegada a Alcongosta, são cerca de 10 Km com algum desnível (Quase tocámos os 900 m de altitude).

A paisagem reflete o que descrevemos para a Serra da Gardunha, ou seja, a flora é muito diversificada, com lindíssimos soutos e carvalhais, assim como bosques de pinheiros bravos, para além claro dos pomares de cerejeiras que dão nome ao percurso. Os castanhos, os dourados e os verdes dominam.


A água é de facto uma constante, brotando do granito e do xisto, estes que marcam a paisagem de matizes coloridas e texturas interessantes

Instrumentos preciosos de informação sobre o ciclo da água, sobre potabilidade desta em contexto natural, geologia e até orientação com base na formação de líquenes!

O percurso serpenteia a Serra, sempre na face Norte pelo que virada para a Serra da Estrela. Deste modo, quando se abre a vegetação à nossa direita, a vista é de perder o folgo, com a Torre de manto branco excepcionalmente brilhante em dia de sol.

Para o Gonçalo, esta segunda edição teve muitas coisas novas, muitas primeira-vez: Primeira vez para um percurso a pé de 10 Km e este desnível, primeira vez com mochila às costas onde estava água, comida e roupa, primeira vez para bastões. Mas o seu sorriso ateste muito mais que as minhas palavras poderiam esperar descrever, pelo que estou convicto que foi um sucesso.

Este desfecho é crítico para o objectivo deste projeto, que é educativo antes de mais. Saber dosear é igualmente crítico, pois se por um lado estas saídas constituem uma aventura que se mobilizada corretamente pode entusiasmar os nossos filhos, também é verdade que não são isentas de desconforto, e os tablet são tão mais cómodos. Assim, é vital não perdermos de vista os seus ritmos, os seus pulsos, e as suas vontades. O projeto motivational termina quando o prazer terminar. Com isso, provavelmente a derradeira oportunidade de uma educação rumo à sustentabilidade, ecologia, respeito pela natureza em geral!

Uma estratégia que testei e que pareceu resultar em pleno, foi permitir que o Gonçalo (10 anos), seguisse sozinho, orientando-se com os sinais de direção que marcam estes percursos (este estava bem marcada), enquanto eu fazia fotografias em que ele não era o modelo :-) isso deu-lhe autocofiança através da responsabilidade. Afinal ele não se podia perder e viu como era capaz de o garantir sozinho, aplicando os conhecimentos que adquiriu noutros percursos como este. No fim, estava claramente orgulhoso de si mesmo, e mais importante, motivado!


O sorriso da sua face, atesta mais que qualquer palavra que pudesse escrever, repito!

A paisagem ia-se diversificando à medida que a biodiversidade ia mudando, assim, os carvalhais davam lugar a soutos, estes a bosques serrados de pinheiros bravos, e claro, quando estávamos a chegar a Alcongosta, apareciam os pomares de cerejeiras onde os desbastes permitem observar a madeira alaranjada que caracteriza esta árvore. Cerejas, ainda não há! :-)

Chegados ao final, infelizmente, tempo para ver, na primeira pessoa, como se fazem cestos de verga, e uma oportunidade rara imperdível de aprender sobre as matérias prima, como se preparam e se usam para produzir esta cestaria, arte em declínio face aos plásticos. Mais uma oportunidade educativa que não perdi.

No fim da experiência, contribuímos com a aquisição de dois cestos para oferta em casa! (foram muito apreciados, diga-se :-)).

A provar a necessidade de estarmos atentos aos ritmos dos nossos filhos nestas atividades e enquadramento, o Gonçalo tinha dores num tornozelo no dia seguinte! Assim, o plano de fazer parte da Rota do Carvalhal ficou suspensa. Como tínhamos encomendado pasteis de cereja :-) e estes só estavam prontos à tarde, havia que implementar um plano B.

Este plano materializou-se na Serra que estava do outro lado do vale, a Estrela. Afinal em dia de sol brilhante ela acenava-nos, e, é ali que fica o destino da próxima edição, o Covão da Ametade.

Perante a neve e a sandes de presunto e queijo da serra, a dor do tornozelo passou imediatamente, a provar que a criogenia resulta :-)


Tempo de ir buscar os pasteis de cereja e rumar a casa, afinal havia muita coisa que contar à mana e à mãe.


Até para o próximo mês!







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